Primitivismo
Movimento Artístico
Primitivismo, sob um ponto de vista antropológico, é a crença na superioridade do estilo de vida simples das sociedades pré-industriais, ou o próprio estilo de vida dessas culturas, normalmente as africanas, pré-colombianas ou da Oceania. O uso desta palavra surge apenas no século XX, pertencendo ao âmbito das artes de vanguarda e sua crítica.
Nas artes, e em especial nas artes visuais, a palavra "primitivismo" pode estar relacionada a diversas realidades, nem sempre próximas. O adjetivo "primitivo" pode ser usado para referirmo-nos, por exemplo, aos pintores holandeses dos séculos XV e XVI, os primitivos flamengos, uma escola pictórica que reagia negativamente, em sua fase inicial, à influência da pintura italiana renascentista ou pré-renascentista, voltando-se para técnicas medievais da tradição local. Podem, também, os adjetivos primitivo e primitiva se referirem aos pintores pré-renascentistas da Itália do século XV, conhecidos como primitivos italianos, que, não formando exatamente uma escola, ainda não haviam descoberto todas as possibilidades pictóricas tomadas como avanços promovidos pelo Renascimento na pintura bizantina.
No entanto, atualmente, usa-se mais frequentemente o adjetivo "primitivo" para designar a também chamada "arte tribal", na forma verbal mais usual de "arte primitiva", que é aquela produzida por artistas de culturas que vivem ou viviam em estágio pré-industrial e tribal no momento de produção da obra. Emprega-se também para este tipo de arte o termo "primitivismo", podendo isto explicitar uma visão etnocêntrica da arte firmada a partir do final do século XIX, possivelmente fazendo uma leitura simplista das recentes descobertas atribuídas à Darwin sobre a evolução. Esta nova visão conferia um sentido de subordinação àquilo que fosse dito "primitivo" e propunha "a observação das obras provenientes de regiões colonizadas pelos países europeus como mais simples e inferiores em relação àquelas dos países colonizadores".
Já no século XX, o termo "primitivismo" surge para definir certas tendências ou características dentro da arte de vanguarda ou das literaturas modernistas de várias nacionalidades, bem como para definir um tipo de arte não acadêmica, feita por artistas autodidatas, com pouco ou nenhum conhecimento técnico ou teórico, que se caracteriza por uma certa simplificação formal (no uso da perspectiva, por exemplo) e pela temática normalmente popular. São exemplos de artistas consagrados que nas artes plásticas passaram a trabalhar ou que tiveram afinidades com esta última concepção de primitivismo, o estilo naif, também conhecido como arte popular: Mikhail Larionov,Paul Klee e Sergey Zagraevsky.
A arte naif, bem como, e principalmente, a arte primitiva, iriam interferir na concepção de arte de praticamente todas as vanguardas desde o início do século até o surrealismo, estando uma determinada noção de primitivismo já esboçada nas cores de Paul Cézanne e a de um "primitivismo romântico" na obra de Paul Gauguin. Os novos artistas iriam tomar de empréstimo formas visuais de povos não ocidentais ou pré-históricos.
Este interesse dos artistas pelo primitivismo, reinante no início do século passado, inspirou vários artistas das primeiras vanguardas, bastando-se dizer que a obra considerada por muitos como a primeira obra cubista, ou, no mínimo, a obra que prenuncia o cubismo, Les demoiselles d'Avignon, de Pablo Picasso, 1907 , a qual inauguraria a fase chamada de analítica daquele movimento , pertence à chamada "fase negra" do artista, quando este, estava fascinado com a arte primitiva das máscaras africanas.
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