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Escola de Veneza

Escola ou Grupo

A Escola Veneziana refere-se à arte que se desenvolveu na Veneza renascentista a partir do final de 1400 e que, liderada pelos irmãos Giovanni e Gentile Bellini, durou até 1580. É também chamada de Renascença Veneziana, e o seu estilo partilha os valores humanistas, o uso da perspetiva linear e tratamentos figurativos naturalistas da arte renascentista de Florença e Roma. O segundo termo relacionado é a Escola Veneziana de Pintura, que teve o seu início no Renascimento até o século XVIII, e inclui artistas como Tiepolo, associado aos movimentos Rococó e Barroco e Antonio Canaletto, conhecido pela sua pintura de paisagens urbanas venezianas e Francesco Guardi.

Embora a Escola Veneziana fosse influenciada pelas inovações dos mestres do Renascimento como Andrea Mantegna, Leonardo da Vinci, Donatello e Michelangelo, o estilo refletia as raízes da cultura e da sociedade muito distintas da cidade-estado de Veneza. Com ênfase em cores ricas permeou a criação, trazendo a atmosfera do seu povo à vida numa representação visual da época. Como escreveu a historiadora de arte Evelyn March Phillipps: "A cor veneziana, quando entra no seu reino, fala por um povo inteiro, sensual e de sentimento profundo, capaz pela primeira vez de se expressar na arte".

Veneza era conhecida em toda a Itália como a serene city devido à sua prosperidade. Com a sua localização geográfica no Mar Adriático, Veneza tornou-se um centro vital para o comércio, ligando o Ocidente ao Oriente. Como resultado, a cidade-estado era mundana e cosmopolita, enfatizando os prazeres e as riquezas da vida, em vez de ser movida por dogmas religiosos, orgulhosa da sua independência e da estabilidade do seu governo. O primeiro Doge ou Duque a governar Veneza foi eleito em 697, pelo Grande Conselho de Veneza, assim como, os governantes subsequentes, um parlamento formado por aristocratas e ricos mercadores. Magnificência, espetáculos divertidos e festas sumptuosas marcadas por carnavais que duravam semanas definiram a cultura veneziana e tornaram-se parte da sua alegre sensibilidade artística.

Ao contrário de Florença e Roma, que estavam sob o domínio da Igreja Católica, Veneza foi principalmente associada ao Império Bizantino, centrado em Constantinopla, que governou Veneza nos séculos VI e VII. Como resultado, a arte veneziana foi fortemente influenciada pelo uso bizantino de cores brilhantes e ouro em mosaicos de igrejas, e a arquitetura veneziana foi influenciada pelo uso bizantino de cúpulas, arcos e pedras multicoloridas, inspiradas em parte na arquitetura islâmica do Médio Oriente.

Em meados de 1400, a cidade era uma potência em ascensão em Itália, e artistas renascentistas como Andrea Mantegna, Donatello, Andrea del Castagno e Antonello da Messina visitaram ou viveram em Veneza por longos períodos de tempo. O estilo da Escola Veneziana, sintetizou a cor bizantina e a luz dourada com as inovações renascentistas desses artistas.

Andrea Mantegna apresentou pela primeira vez a perspetiva linear, o tratamento figurativo naturalista e a proporcionalidade clássica, que definiu a arte renascentista para os artistas venezianos, enquanto trabalhava nas proximidades de Pádua, a sua cidade natal, nas suas Histórias de São Tiago (1448-1457). O seu trabalho influenciou profundamente Jacopo Bellini, que se tornou um dos primeiros artistas venezianos a utilizar a perspetiva linear, e ensinou a técnica aos seus filhos, Gentile e Giovanni, mais tarde líderes da Escola Veneziana. Uma ligação artística e familiar para toda a vida, desenvolveu-se quando Mantegna casou com uma das filhas de Jacopo. A influência de Mantegna pode ser vista em A Agonia no Jardim (c.1459-1465) de Giovanni Bellini, com referências a A Agonia no Jardim (c.1458-1460) de Mantegna, ambas as pinturas baseadas em um desenho de Jacopo Bellini.

Antonello da Messina trabalhou em Veneza de 1475-1476 e teve um impacto notável na adoção da pintura a óleo por Giovanni Bellini e na ênfase no retrato. Com os créditos de Giorgio Vasari por ter introduzido a pintura a óleo em Itália, Antonello encontrou pela primeira vez a arte da Renascimento nórdico da Europa quando era estudante em Nápoles. Como resultado, as suas obras tiveram destaque pela sua síntese dos princípios da Renascença italiana e do norte da Europa e influenciaram o desenvolvimento do diferente estilo da Escola Veneziana.

Pioneiro na pintura a óleo em Veneza, Giovanni Bellini foi chamado de "Pai da pintura veneziana". Ele e o seu irmão mais velho, Gentile, eram famosos, transformando a oficina da família Bellini na mais popular e celebrada de Veneza. As primeiras encomendas importantes dos irmãos Bellini foram principalmente temas religiosos como a Procissão da Verdadeira Cruz (c.1496). Giovanni Bellini era particularmente popular pelo seu tratamento da Madona e do Menino, um assunto com o qual ele tinha profunda afinidade. As suas representações combinavam uma espécie de gravidade devocional com uma sensação de charme e deleite com a luz e as cores do mundo. No entanto, foi o trabalho de Giovanni em representar a luz natural e o sintetizar dos princípios do Renascimento com a cor a veneziana, que o tornou o líder da Escola Veneziana.

No início de 1480, Giovanni Bellini, livrando-se da influência de Mantegna, dominava a pintura a óleo como pode ser visto em sua Transfiguração de Cristo (c. 1480). Foi pioneiro na ênfase da Escola Veneziana em retratar a luz natural e a atmosfera, empregando cores e gradações tonais. O seu Doge Leonardo Loredan (1501) estabeleceu o tratamento estilístico da Escola Veneziana no retrato e a importância do género em Veneza. Em obras posteriores, ele voltou-se para temas mitológicos, como a Festa dos Deuses (1504), onde estabeleceu um novo género de pintura. Escrevendo em Veneza em 1506, Albrecht Dürer descreveu Bellini como "o melhor pintor de todos". Foi também um professor notável, pois Giorgione e Ticiano, líderes subsequentes do movimento, foram treinados na sua oficina.

O destaque inovador da Escola Veneziana no colorito, uso da cor para criar formas, tornou-a diferente da ênfase da Escola Florentina no disegno, desenho das formas e preenchimento com a cor. Isso resultou em obras de dinamismo revolucionário, com uma riqueza incomparável e expressão psicológica distinta. Os artistas em Veneza pintaram principalmente a óleo, primeiro em painéis de madeira, mais tarde pioneiros no uso da tela, que se adaptava melhor ao clima húmido da cidade, e enfatizaram o jogo de luz e atmosferas naturalistas com os movimentos humanos dramáticos, às vezes teatrais. O retrato foi revitalizado nessa época, à medida que os artistas procuravam um tratamento naturalista dos seus temas, que simultaneamente transmitisse a sua importância social. Eles concentraram-se não no papel idealizado de uma pessoa, mas na sua complexidade psicológica, como pode ser visto no Retrato do Papa Paulo III (c.1543) de Ticiano. Estes retratos começaram a utilizar mais o corpo inteiro na pintura, em contraponto ao busto e à cabeça.

Novos géneros nasceram durante este período, incluindo grandes representações de narrativas mitológicas, - Bellini foi pioneiro do tema mitológico na sua Festa dos Deuses (1504), - e a introdução do nu feminino verdadeiro, em vez do reflexo de algo religioso ou histórico. A obra Jovem Mulher (1506) de Giorgione desenvolveu o novo género do retrato erótico que foi, posteriormente, amplamente adotado. O erotismo começou a aparecer, entrelaçado com as novas formas de assunto, sem as restrições das mensagens moralistas.

A Escola Veneziana decaiu por volta de 1580, perdeu um terço da sua população em 1581, em parte devido ao impacto que a peste teve sobre a cidade e também pela morte dos últimos mestres vivos, Veronese e Tintoretto. Os trabalhos dos artistas desta escola, que enfatizam o movimento expressivo em vez das proporções clássicas e o naturalismo figurativo, tiveram alguma influência no desenvolvimento dos maneiristas que posteriormente dominaram a Itália e se espalharam por toda a Europa.

No entanto, a ênfase da Escola Veneziana na cor, luz e prazer na vida sensorial, como pode ser visto nas obras de Ticiano, também criou um contraste com a abordagem mais cerebral do maneirismo e influenciou as obras barrocas de Caravaggio e Annibale Carracci. A Escola Veneziana teve uma influência ainda maior além de Veneza, pois reis e aristocratas de toda a Europa colecionaram avidamente as obras. Artistas em Antuérpia, Madrid, Amsterdão, Paris e Londres, incluíndo Rubens, Anthony van Dyck, Rembrandt, Poussin e Velázquez, foram amplamente influenciados pela arte veneziana. A história conta que Rembrandt, quando era um jovem artista convidado a visitar a Itália, respondeu que não era necessário, porque "era mais fácil ver a arte renascentista italiana em Amsterdão do que viajar de cidade em cidade na própria Itália". Essa influência continuou na era moderna, à medida que artistas como Francis Bacon e Chris Ofili notaram a influência de Ticiano.

Muito para além da era do Renascimento, o trabalho da Escola de Veneza permaneceu notável. Como resultado, o termo "Escola Veneziana de Pintura" continuou a ser usado no século XVIII. Artistas venezianos como Giovanni Battista Tiepolo estenderam este estilo distinto aos movimentos rococó e barroco, aos quais ele estava associado. Outros artistas do século XVIII, como Antonio Canaletto, conhecido pela sua pintura de paisagens urbanas venezianas, e Francesco Guardi, são discutidos principalmente na Escola de Pintura de Veneza. O trabalho de Guardi influenciou mais tarde os impressionistas franceses.

traduzido por Delfim Rodrigues

Fontes: www.theartstory.org

Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_de_Veneza

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