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Kitsch

Movimento Artístico

Kitsch [quitch] é um termo de origem alemã de significado e aplicação controversos. Usualmente é empregado nos estudos de estética para designar uma categoria de objetos vulgares, baratos, de mau gosto, sentimentais, que copiam referências da cultura erudita sem critério e sem atingirem o nível de qualidade de seus modelos, e que se destinam ao consumo de massa. Embora o kitsch apresente a si mesmo como "profundo", "artístico", "importante" ou "emocionante", raramente estes qualificativos são adquiridos por características intrínsecas ao objeto, antes derivam de associações externas que seu público estabelece. É uma expressão essencialmente figurativa, sendo difícil detectá-lo nas artes abstratas, pois depende de um conteúdo narrativo para exercer seu efeito.

Alguns autores entendem o kitsch como uma atitude e um espírito geral de complacência e supressão do senso crítico, que pode se estender a áreas bem distintas da arte, como a política, a religião, a economia, o erotismo e praticamente toda a esfera da vida humana, e sua estética, de enorme penetração na psicologia das massas, muitas vezes é usada pelas elites para dirigir a opinião pública, seja na forma de publicidade comercial, educação escolar, propaganda partidária ou iconografia religiosa.

É um produto da industrialização e da cultura de massa, sendo considerado típico da classe média com pretensões de ascensão social, mas nos círculos ilustrados emprega-se o termo frequentemente com intenção pejorativa e como reprovação moral. Entretanto, o kitsch é um fenômeno de largo alcance, movimenta uma indústria milionária e para grande número de pessoas constitui, mais do que uma simples questão de gosto, todo um modo de vida, tendo para este público todos os atributos da legitimidade. Apareceu de forma importante também na produção de muitos artistas influentes do "grande circuito", e quase toda a arte, arquitetura e design pós-modernos apresentam características que podem ser classificadas como kitsch. Hoje em dia a tradicional distinção entre ele e a cultura erudita dificilmente se sustenta em bases objetivas.

A palavra "kitsch" tem uma origem pouco clara. Segundo o dicionário etimológico de Friedrich Kluge, a palavra surgiu entre pintores alemães em torno de 1870. Talvez estivesse associada ao ato de atravancar, amontoar detritos ou barro nas ruas, kitschen, e ao instrumento com que isso era feito, Kitsche. No dialeto do sul da Alemanha significava também fazer móveis novos a partir de velhos. Também poderia estar ligada à palavra verkitschen, que significa trapacear, vender uma coisa no lugar de outra. Outras palavras alemãs com a mesma terminação "tsch" comumente se referem a coisas vulgares, ingênuas, sentimentais ou infantis. Richard Avenarius relatou outra origem possível, indicando ter aparecido em Munique a partir da palavra inglesa sketch, esboço, aplicado a pinturas baratas de baixa qualidade na intenção de classificá-las como "lixo". Para Gilbert Highet, contudo, a palavra pode derivar do russo kitchit'sya, significando "ser desdenhoso e orgulhoso", e já foi aventado que seja um trocadilho com o termo francês chic, chique. O que importa é saber que desde sua origem kitsch assumiu uma conotação negativa.

Alguns críticos, como Abraham Moles, Arthur Koestler e Susan Sontag, entendem que o kitsch é um fenômeno recorrente na história da arte, mas a maior parte dos estudos concorda que se trata de uma manifestação cultural recente, derivando dos avanços na industrialização e na tecnologia em geral, da ascensão da classe média, da crescente urbanização, do afluxo em massa dos camponeses às cidades, da dissolução das culturas tradicionais e dos folclores, da maior educação do proletariado, da conquista de maior tempo para o lazer e do surgimento da chamada cultura de massa. Gillo Dorfles afirmou que os pressupostos da definição atual de kitsch não existiam na arte pré-moderna, que tinha funções e características em tudo distintas da modernidade, e Hermann Broch considerou-o um filho do Romantismo, compartilhando com ele traços como sentimentalismo e amor ao drama e ao exagero, e definindo beleza como uma característica imanente ao objeto, não mais como era antes, um objetivo transcendente que uma obra finita jamais poderia alcançar. Mesmo que algo como o kitsch possa de fato ter existido antes do século XIX, foi a partir deste período que ele passou a assumir um papel de destaque no mundo da cultura, chegando a estar presente hoje em toda parte.

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Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Kitsch

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